segunda-feira, 4 de junho de 2012

Solidão dos dias

Eu não sei porque, mas cansei de morar sozinha. Talvez tenha sido por ter passado quatro dias em São Paulo vivendo uma vida de casal com o boyfriend. Agora em casa, enjoei do silêncio dessas paredes e do grito surdo que não ecoa. Meu cachorro tem sido minha única companhia há tempos nessa casa. Talvez essa minha insatisfação seja somente meu relógio biológico gritando mais alto ultimamente.

A verdade é que a vida não está boa e eu vou ficando cada vez mais reclamona, cada vez mais solicitando a companhia das pessoas, como uma fuga desesperada de ficar a sós comigo. Evito diálogos com meu eu, porque me esquivo de certas verdades que ele insiste em jogar na minha cara. Evito o silêncio porque minha solidão fica mais evidente.

A solidão desses dias têm me assustado, é que as mortes têm rondado e a gente tem que aprender a se equilibrar entre as perdas. A cidade violenta nos aprisiona em casa, os amigos têm suas famílias, suas vidas e o tempo ao lado deles acaba se restringindo a aniversários e batizados dos filhos que não tenho. Na nossa clausura buscamos companhia virtual, todos sozinhos vivendo e se emocionando diante de uma tela, mas existem coisas que só conseguimos enxergar com verdadeira exatidão a olho nu, vemos brilhos nos olhos, arrepio na pele. Toque, textura, movimento. Meus olhos são meus sentidos mais aguçados e cada dia mais graves buscam ansiosos cores e matizes novas.

Ultimamente venho pensando demasiadamente na maternidade, um tanto de forma assustada e racional demais. Acho injusto dar vida a uma criança no mundo louco e líquido em que vivemos. Filho demanda o tempo que eu não tenho, a paciência que anda curta e a disposição dissolvida em preguiça. Covarde de minha parte pensar em filhos para suprir minha carência de companhia enquanto eu não caio na real que estou precisando encarar de frente esse papo de vida a dois que eu venho adiando há séculos.

Talvez não seja nada disso, seja TPM, tristeza por ter vindo de São Paulo após 4 dias sem precisar me preocupar com nada, talvez seja mimimi de mulher sóbria e com saudade daquele que ficou longe.

Amanhã acordarei melhor.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um tributo, nós, a legião.

Ontem eu vivi uma das experiências mais inusitadas da minha vida. Fui assistir o tributo a legião urbana, uma das melhores bandas brasileiras dos anos 80. Cresci ouvindo entre outras coisas, a legião urbana e embora não tenha ido a nenhum show deles, sempre nutri a "tietagem" chegando ao cúmulo de visitar a última residência de Renato Russo em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, além de ter todos os discos, cd's e livros que falam sobre a banda e em especial, sobre Renato Russo. Quando ele morreu, deixou um hiato, não só em mim e nos seus fãs, mas na música brasileira.

Ouvir as músicas da legião urbana sempre me remeteram a um passado gostoso de lembrar, todo mundo tem um amigo que sabe tocar pais e filhos, todo mundo sabe pelo menos até a metade de faroeste caboclo e todo mundo uma vez na vida já ficou com olhos perdidos em algum lugar quando ouviu vento no litoral. Eu tenho legião urbana como parte componente da minha vida, trilha sonora de inúmeros momentos. Sempre lamentei não ter tido idade suficiente pra ir a algum show deles e sempre me imaginei lá, mesmo sem conseguir idealizar esse sonho.

E de repente eu estava lá no Espaço das Américas cantando Legião Urbana com mais um mar de braços e foi impossível conter as lágrimas e ninguém conseguiu se segurar quando Wagner Moura visivelmente emocionado cantou "tempo perdido" e ninguém se importou se ele desafinou porque ali naquele momento todos nós desafinamos. Voz embargada, olhos marejados, estávamos todos em outro tempo, um tempo em que Renato Russo estava no palco e nos encantava.

Naquele espaço todo mundo se sentiu um pouco dono da legião urbana e Wagner Moura representou a nós, os oito milhões de legionários. Fechei os olhos em algumas canções e deixei a música tomar conta de mim, embalada por milhares de vozes, eu não conseguia pensar em mais nada, era só aquele momento que nos importava.

Voltei aos anos de minha adolescência por duas horas, naquele lugar mágico eu renasci, revivi e meu coração - tão pobre e tão tosco - agora sabe os caminhos do mundo. O mundo, o tempo, a minha vida. Passado e presente unidos em duas horas. Lágrimas, felicidade, amor e dor. Um misto, o coquetel da noite, me embriaguei e sorri. - Então me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo e tempos nosso próprio tempo.

Não foi tempo perdido.

Esse tributo ficará gravado em mim para sempre e meu coração latejará de saudades enquanto houver amor.

Setlist:

- Tempo perdido
- Fábrica
- Daniel na cova dos leões
- Andrea Doria
- Quase sem querer
- Eu sei
- Quando o sol bater na janela do teu quarto
- A via láctea
- Esperando por mim
- Índios
- Monte Castelo
- O teatro dos vampiros ( com Marcelo Bonfá cantando)
- Geração coca cola
- Damaged goods
- Ainda é cedo
- Baader-Meinhof blues
- Sereníssima
- Se fiquei esperando o meu amor passar
- Há tempos
- 1965 (Duas tribos)
- Perfeição
- Teorema
-Antes das seis
- Giz
-Pais e filhos
- Será
- Faroeste caboclo


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Inside me


De volta essa sensação angustiante de que algo muito importante falta na minha vida e quando esse sentimento vem, é em você que eu penso e me lembro de todos os momentos que tivemos.

É estranho sentir a tua falta como se você sempre tivesse feito parte da minha vida e é assustador o modo que me conhece. Parece que lê meus pensamentos, se eu tivesse manual de instruções, eu poderia jurar que você decorou tudo. Sabe o que dizer, como fazer e quando me deixar agir. É uma pena eu não acreditar em perfeição, você seria o topo da minha lista.

Mas essa falta recorrente quase me afoga quando eu percebo que talvez você seria o único que me completaria. As vezes a gente enxerga distorcido na falta, mas sabe quando a gente olha pros lados e não encontra nada mais completo do que o outro possa ser? é isso que sinto quando te vejo e a falta me dói. Não quero estar apaixonada porque isso sempre me fode quando acontece, é raro e por ser raro é que quando chega, arrasa de vez.

Mas hoje eu só queria que você me olhasse e pedisse que eu passe a noite contigo, que eu faça amor devagarinho e que eu diga no seu ouvido que é só você que sabe  jeito que eu gosto, porque se eu te encontrasse agora, era exatamente isso que eu te diria...